segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ANIMAL BRASILEIRO QUE SERVIU DE INSPIRAÇÃO PARA A MASCOTE DA COPA

“Irreverente, original. E já caiu nas graças dos brasileiros”. Assim o secretário executivo da Associação Caatinga, Rodrigo Castro, define o tatu-bola, um mamífero de até 50 cm de comprimento e de, no máximo 1,2 kg. O bichinho não sabe cavar tocas, mas enrola-se num formato de bola para se defender. Antes apenas mais um animal da fauna brasileira, o tatu-bola vai ganhar fama mundial: foi escolhido como inspiração para a mascote da Copa do Mundo da FIFA de 2014.
A Associação Caatinga, entidade sem fins lucrativos que trabalha pela preservação do bioma caatinga (localizado no Nordeste brasileiro, caracterizado por uma vegetação adaptada a um volume baixo de chuvas), está em festa em Fortaleza. A organização foi a responsável pela campanha para a escolha do tatu-bola como mascote. “A satisfação é grande. Temos uma ótima oportunidade nas mãos de contribuir, por meio da Copa, com o meio ambiente. A gente acredita que o tatu-bola é um porta-voz da necessidade de se proteger a caatinga”, diz Castro.
Campanha Fim de janeiro de 2011. A Associação Caatinga estava reunida para identificar oportunidades e discutir questões ambientais em virtude do Mundial. Surgiu, então, a ideia de propor uma mascote. “Quando disseram tatu-bola, houve um silêncio. Todo mundo concordou na hora. Ele é o único mamífero que assume o formato de bola. E a bola é protagonista da Copa”, conta Rodrigo.
A ideia virou campanha na internet, especialmente nas redes sociais. Aos poucos, o apoio de sites, blogs, portais foi crescendo. A divulgação na mídia também. Primeiro, nos meios de comunicação de Fortaleza, sede da entidade, e do estado do Ceará. Depois, em âmbito nacional.
“Percebemos que a campanha tinha potencial e decidimos oficializá-la. Redigimos um documento de 20 páginas e enviamos ao Ministério do Esporte, para o Comitê Organizador Local (COL) e para a FIFA. O tatu-bola é 100% brasileiro e a Copa é uma ótima oportunidade de divulgar a importância da preservação da espécie”, explica Rodrigo.
Tolypeutes tricinctus
Segundo a Associação Caatinga, há 11 espécies de tatu no Brasil. Mas a do tatu-bola, cujo nome científico é Tolypeutes tricinctus, é exclusiva do país e não ocorre em nenhum outro local. Uma espécie muito parecida - “um primo dele”, de acordo com Rodrigo, pode ser encontrada no Paraguai, Bolívia e norte da Argentina.

Segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, dos ministérios do Meio Ambiente e da Educação, a principal diferença em relação ao primo Tolypeutes matacus é a presença de cinco unhas nas patas anteriores do tatu-bola.
Ao se enrolar e assumir o formato de bola, ficando estático, ele consegue se proteger de seus principais predadores na natureza, como a onça. Entretanto, contra o homem, as defesas são mínimas. Rodrigo Castro explica que, historicamente, a caça é o grande inimigo do tatu-bola. Mas, recentemente, o desmatamento, as queimadas e a expansão das áreas agrícolas vêm assumindo o papel de principal vilão na devastação da espécie.
O tatu-bola é típico da caatinga e de áreas de cerrado próximas à caatinga. Atualmente, pode ser encontrado em oito estados brasileiros: Ceará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Goiás e Tocantins. Segundo a classificação utilizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), o tatu-bola está na categoria “vulnerável”, ou seja, corre alto risco de extinção na natureza em médio prazo.
Rodrigo conta que ele deve ser reclassificado na revisão do fim do ano para a categoria “Criticamente em perigo”, quando a espécie corre risco extremamente alto de extinção em futuro imediato. “É a última categoria antes da extinção”, alerta.
Projeto de conservação
Faltam informações mais precisas sobre hábitos alimentares, ciclos reprodutivos e distribuição geográfica do tatu-bola. Essa necessidade de se conhecer mais a espécie, aliada à ameaça de extinção, motivaram a Associação Caatinga, em parceria com entidades internacionais, a criar um projeto de conservação da espécie. A proposta é elaborar pesquisas e estudos e promover a preservação do habitat do tatu-bola.

Também estão previstas campanhas de educação ambiental, um plano de divulgação dos resultados dos estudos e o fortalecimento de entidades e redes de pesquisadores, para que tenham condições ideais de trabalho em campo e de desenvolvimento das pesquisas.
“Vamos pedir apoio da FIFA ao projeto. Seria a primeira Copa que atrelaria a iniciativa ambiental ao mascote, ajudando a reduzir o risco de extinção”, explica Rodrigo. De qualquer forma, a escolha do tatu-bola como mascote já é considerada uma vitória. “Para nós, existe um momento antes e um depois da escolha do mascote. A vitória não é só da associação. É do tatu-bola, da caatinga e do meio ambiente”, finaliza.

Fonte:  Conheça melhor o animal brasileiro que serviu de inspiração para a mascote da Copa. Disponível na Internet via WWW.URL: http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/conheca-melhor-o-animal-brasileiro-que-serviu-de-inspiracao-para-mascote-da-copa. Data: 18/09/2012.

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